terça-feira, 17 de maio de 2011

Uma professora do Rio Grande do Norte, falando ao deputados do seu estado a verdade sobre a situação da educação



Manifestação brilhante de uma professora cansada de ouvir a ladainha daqueles que tem o poder para mudar as coisas e não o fazem. De forma elegante e articulada, sem ser grosseira nem ofender a alguém, a Professora Amanda Gurgel, em fala de oito minutos, apresentou a realidade da situação da educação pública em boa parte do país.

Não sou professor de escola pública, não convivo diariamente com essa realidade. Mas quando tiver filhos (se os tiver) é em uma escola pública que eles vão estudar. Eu estudei em escolas públicas, assim como meus irmãos e irmãs. Tenho família em Natal e duas primas que agora frequentam a univerdiade pública. Portanto, me solidarizo com a fala da professora Amanda, como colega de profissão e como cidadão brasileiro.

Primeira edição do Eksperimenta!, em Tallinn, Estônia: uma experiência muito potente!


O Eksperimenta! É um projeto audacioso e maravilhoso. Organizar uma exposição de arte, em moldes profissionais, com a participação de curadores profissionais, para mostrar o resultado de projetos de estudantes, valorizando sua produção, é algo de muita sensibilidade e um trabalho insano! O ambiente da montagem da mostra chamou muito a minha atenção: estudantes e professores de diversos países convivendo, trocando experiências, com uma seriedade e um envolvimento contagiantes. Para mim, professor de artes, brasileiro, ter contato com essa outra realidade, a da Europa, e suas possibilidades, é transformador.

A tarefa de fazer parte do juri internacional, que aceitei com muito gosto, acabou se mostrando ser um desafio absurdo. Passei a pensar se era realmente necessário, numa mostra de estudantes, que faz parte do processo educativo e da formação daqueles indivíduos, que houvesse competição e prêmio de reconhecimento aos “melhores”. Escolher os trabalhos, exposições e artistas vencedores foi algo extremamente difícil, pois além da grande quantidade de trabalhos expostos e do curto tempo para apreciá-los, a qualidade era muito boa também, de maneira geral. E haviam trabalhos nos mais distintos formatos e abordando o tema proposto pelo Eksperimeta!, o espaço, de formas muito distintas.

Para mim houve dois momentos distintos: acompanhar a montagem, observando os trabalhos como membro do juri, e a abertura da mostra, onde pude acompanhar a postura dos estudantes diante do público. No primeiro momento, a exposição da Alemanha foi a que mais me agradou, com trabalhos em vídeo e fotografia, registros de processos e apresentações impecáveis de boas e simples idéias. Depois fiquei sabendo que ali havia um grupo já mais maduro, com idades entre 20 e 22 anos de idade, o que fugia da proposta da mostra. No segundo momento, no evento de abertura do Eksperimenta!, andei bastante vendo o que os estudantes-artistas faziam nesse momento. Foi bonito de ver a curiosidade nos seus olhos ao observarem os trabalhos dos outros países. Mas a postura de um dos grupos me chamou muito a atenção: a turminha da Turquia, cerca de 15 meninos e meninas entre os 8 e os 18 anos, ali sentados na área de sua exposição à espera do público. Quando me aproximei do primeiro trabalho logo sua autora veio falar comigo. Não tive bem a certeza se ela queria ouvir a minha opinião sobre o trabalho ou me dizer algo sobre a ideia. De qualquer forma, a noção de mediação logo me veio a cabeça, e a atenção dos pequenos turcos dedicada ao público, sua abertura para a interação e troca, me comoveu muito.

Foi ao percorrer o espaço desta mostra, a da Turquia, que tive o momento de maior surpresa, ainda observando como jurado. Um dos trabalhos, feito por uma menina de 14 anos, a Cagla Sozen, era de uma maturidade incrível, e demostrava conhecimentos profundos de história da arte, pois o trabalho é uma ideia, como na Arte Conceitual. Uma senteça que é o próprio trabalho: I am just a detail (eu sou só um detalhe). A força desta criação, feita por uma menina tão nova, me deixou curioso sobre este grupo tão diferente dos demais. Fui conversar com o professor e curador da mostra, Alp Gani. Ele me contou que está com este mesmo grupo de estudantes desde que eram muito pequenos e que eles visitam exposições de arte com frequência. A mãe de uma das meninas me disse que ainda em maio eles visitariam a Bienal de Veneza. Ou seja, não foi por acaso que fiquei tão impressionado com o que vi ali. A exposição da Turquia no Eksperimenta! é resultado de um trabalho de longo prazo, sério, e de investimento das famílias na formação de suas crianças desde cedo. Um exemplo a ser seguido.

Para mim, desta experiência toda, fica a vontade de não ser apenas um expectador de fora, mas de participar ativamente, trazendo meus estudantes e nossos projetos. Na primeira edição do Eksperimenta! eu fui só um detalhe, um brasileiro longe de casa, com a curiosidade extremamente aguçada e com abertura total para encontrar o novo, o diferente, o outro. Na próxima edição, quero poder mostrar como nós, do sul do Brasil, com todos os problemas sociais e de infraestrutura que temos, pensamos e desenvolvemos a arte na escola.
 Detail - Cagla Sozen

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Mercado russo em Tallinn

Resultado do workshop ministrado em Tallinn no dia 28.04.11 - Dada videomaking: common objects, uncommon narratives



Estes vídeos foram produzidos pelos participantes do workshop, que são, em sua maioria, artistas e professores de arte, de diversos países. Tivemos a Participação da Thorbjorg, da Islândia (Iceland), do Paresh Joshi, da Inglaterra, da Noemí, da Espanha, da Liis Kogerman, da Estônia, e do Andy Lee, da Coréia do Sul, entre outras, num total de 12 participantes.

Além de divertidíssimo, este momento foi uma oportunidade para os participantes se conhecerem melhor, pois os vídeos foram produzidos em grupo. Houve uma grande necessidade de improvisar, já que nem todos possuiam os materiais ideais para o trabalho. Assim, o jogo de cintura, algo tipicamente brasileiro, foi "ensinado" nesta oficina também. Ao mesmo tempo, vimos como podemos aproximar a tecnologia da sala de aula, ao usarmos câmeras digitais ou telefones celulares com câmera para capturar diversas imagens dos objetos escolhidos, e ao usarmos um laptop para editar os vídeos ali mesmo e adicionar a narração.

O processo é divertido e essa experiência criativa é certamente marcante.

E tudo isso a partir de uma idéia muuuuito simples, quase boba.

Foi uma delícia. Abaixo, em inglês, o roteiro que foi passado no início do workshop.

This two videos were created by the participants of my workshop and are the result of the following proposal:

Dada videomaking:
common objects, uncommon narratives

Main reference: Dadaist poem, from Tristan Tzara.

The format of this workshop will be: 90 minutes, divided in

- 15 minutes of introduction;
- 5 minutes to form small groups (preferently stay with people that you don’t
know);
- 20 minutes to choose an ordinary object (inside or outside the room) and to
“film” it in a lot of different ways and angles;
- 20 minutes to write a text about the object and then use the Tzara’s method
to make it Dadaist;
- 15 minutes to edit the videos and record the dadaist narration;
- 15 minutes to show the vídeos on the big screen.

End of the workshop

Materials needed to each group:

- A camera or a mobile with camera (with the possibility to connect with the
computer);
- A piece of paper and a pen or pencil to write;
- Scissors;
- Someone able to deal with the camera;
- Someone able to deal with the computer editing (the video and audio).

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Despedida de Tallinn: últimas andanças pela cidade


Num friozinho sacana, com um vento cortante, uma boa caminhada pelas ruas de Tallinn, em Pirita Tee, rumo ao Parque Kadriorg, para ver o Museu Kumu de arte contemporânea estoniana.