sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Cientificamente comprovado: a arte faz bem.

Em recente pesquisa, cientistas italia-nos "descobriram" o que nós profes-sores de artes já sabemos desde o primeiro dia em que pisamos numa sala de aula: arte faz bem à saúde. Os estudos foram coordenados pelo psicólogo e antropólogo italiano Massimo Cicogna que diz que basta amar a arte e gostar de conviver com ela para se ter efeitos benéficos imediatos.

Bem, se só estar perto da arte e dela gostar já contribui para a qualidade de vida das pessoas, imagine os benefícios de se fazer arte. Porém a pesquisa do professor Cicogna, realizada em museus da itália, se refere muito ao "belo", ou à beleza na arte, como fica claro nas seguintes declarações: "Os benefícios sobre a personalidade em geral também são enormes. A visão do belo ajuda. Dá a força necessária para afrontar com otimismo os desafios da existência e relaxa a mente" e "Os casais que convivem com a paixão pelo belo têm uma cumplicidade erótica muito mais elevada que os outros". Será que o pesquisador conhece a arte contemporânea?

E se a arte for feia? Um trabalho da artista gaúcha Karin Lambrecht pode fazer bem a uma pessoa, mesmo sendo feito com sangue? E uma latinha de "merda de artista", do também italiano Piero Manzoni? O que estou querendo trazer à reflexão é se devemos, ainda hoje, falar em belo. Não se trata de um preconceito contra o belo, não depois de Arthur Danto assumir que o que o atrai nas "Brillo Box" de Warhol é a beleza. Temo que a repercussão de uma pesquisa como essa reforce o preconceito sobre a arte contemporânea, que muitas vezes nada tem de bela. Pelo menos não formalmente falando.

Ainda assim, quero, como professor de artes, exaltar o lado positivo desta pesquisa, que diz que "o contato constante com a arte aumenta a capacidade de atenção, o desempenho sexual e a segurança em si mesmo. Também melhora o estilo de vida de qualquer pessoa". E quero complementar o que a pesquisa constata, trazendo minha experiência de dez anos de sala de aula, dizendo que fazer arte é extremamente benéfico para qualquer pessoa, de qualquer idade.

Recentemente tive um aluno que queria relaxar após o trabalho, mas não encontrava nada que o satisfizesse. Ele então me procurou e disse que queria aprender a desenhar. Ele estava com 46 anos, se não me engano. Em quatro meses de trabalho, com aula uma vez por semana, o desenho dele saiu do palitinho e foi à figura humana com luz e sombra, cenário com perspectiva, com ótima qualidade. Pessoas relaxam jogando futebol, outras relaxam desenhando.

E não pára por aí. Já vi crianças com dificuldades em matemática terem uma melhora significativa depois de experimentarem os origamis modulares. Dei aula de pintura numa clínica psiquiátrica e vi, diante dos meus olhos, os pacientes saírem das "trevas" à sociabilidade. E não estou falando em arte-terapia, estou falando em fazer arte, seja na aula de artes do colégio, seja num atelier, seja brincando em casa diante da TV, seja criando personagens para jogos como nos RPG's. O importante é ter outros meios de expressão que não só a fala, é não ter medo de errar, não ter vergonha do feio

Leia a matéria sobre essa pesquisa do professor Massimo Cicogna no endereço abaixo:

Um comentário:

  1. Ótima matéria!
    E realmente, até o belo é relativo. Todo o senso de humor de Piero Manzoni e sua "merda", por exemplo... pra mim é uma ótima expressão do belo!
    Abraço!!

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